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Escassez de Combustíveis: Uma Ameaça Latente em Maputo

Nas últimas semanas, a importação e distribuição de combustíveis, sobretudo gasolina e gasóleo, enfrentam uma crise crescente, com consequências visíveis nas cidades de Maputo e Matola, onde se regista escassez significativa destes produtos.

A origem do problema está na dificuldade que as distribuidoras enfrentam para obter garantias bancárias exigidas para importar combustíveis. Isso acontece porque os bancos moçambicanos não dispõem de divisas estrangeiras, especialmente dólares, em quantidade suficiente.

Informações obtidas pela “Carta” indicam que cerca de 100 mil toneladas de combustíveis estão retidas nos terminais oceânicos, aguardando a emissão dessas garantias financeiras. O valor dos produtos bloqueados é estimado entre 70 e 80 milhões de dólares. Embora a falta de divisas não seja novidade em Moçambique, os seus impactos sobre o setor de combustíveis tornam-se cada vez mais evidentes.

Na semana passada, a situação agravou-se, afetando tanto os consumidores como a economia. Muitos postos de abastecimento ficaram sem gasolina para veículos ligeiros, e alguns também sem gasóleo, essencial para veículos pesados, transportes públicos e indústrias. Em alguns casos extremos, nenhum dos combustíveis estava disponível, originando longas filas nos poucos postos ainda operacionais.

Funcionários de alguns desses postos, que preferiram não se identificar, disseram desconhecer as razões da escassez, encaminhando as questões para os seus superiores.

Afinal, por que a escassez?

A “Carta” tentou obter esclarecimentos junto de várias entidades relevantes, como o Diretor Nacional de Hidrocarbonetos e Combustíveis, o Diretor-Geral da IMOPETRO e o representante da AMEPETROL. No entanto, nenhum deles respondeu aos contactos. Já o CEO da Galp Moçambique, Paulo Varela, confirmou que o problema decorre da falta de divisas no sistema bancário nacional.

Varela garantiu que, apesar da crise, a Galp tem mantido o fornecimento regular aos postos, embora também enfrente dificuldades. Ele rejeitou a ideia de que a Galp estivesse em vantagem por recorrer a garantias internacionais, afirmando que a empresa utiliza, igualmente, bancos nacionais. Explicou ainda que a predominância do gasóleo nos postos se deve ao seu maior volume de importação, por ser o mais consumido.

Um agravante dessa situação foi a decisão do Banco de Moçambique, em junho de 2023, de deixar de comparticipar as faturas de importação de combustíveis, numa tentativa de poupar divisas. A medida prejudicou diversas empresas do setor, e a CTA chegou a propor que o banco central reconsiderasse, pelo menos parcialmente, essa decisão. Sem sucesso.

Até o Governo admite que não sabe quando ou como esta crise será ultrapassada. O porta-voz do Executivo, Inocêncio Impissa, reconheceu que as causas principais são a falta de divisas e dificuldades logísticas no transporte de combustíveis desde os terminais oceânicos até os postos de venda. Ele alegou que, por se tratar de um mercado liberalizado, o Estado não pode interferir diretamente, cabendo às gasolineiras e aos bancos encontrarem soluções.

Preocupação entre automobilistas

Sem perspetivas de resolução, os automobilistas manifestam-se apreensivos. Os mais afetados são os condutores de viaturas particulares e os operadores de transporte público. Um jovem motorista da Matola, que preferiu não se identificar, contou que costuma abastecer sempre que possível, com pequenas quantias, para evitar ficar sem combustível. “No início da semana, percorri um trecho entre a Rotunda e a Zona Verde e quase todas as bombas estavam sem combustível”, relatou.

Esse condutor teme que a persistência da crise leve ao aumento dos preços dos combustíveis e de produtos essenciais, agravando ainda mais o custo de vida.

Já Jorge Chirindza, motorista de transporte semi-coletivo na rota Zimpeto – Matola, revelou que enfrentou muitas dificuldades para encontrar gasóleo nos últimos dias. Ele alerta que, caso a situação continue, poderá haver aumento nas tarifas de transporte.

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